Descrição
Julia Kristeva convida a pensar o nosso próprio modo de viver como estrangeiro ou com estrangeiros, restituindo o destino dos estrangeiros à civilização europeia: os Gregos com os seus “Metecos” e os seus “Bárbaros”; os Judeus inscrevendo Rute, a Moabita, na origem e fundamento da realeza de David; são Paulo que escolhe pregar dirigindo-se aos trabalhadores imigrados para fazer deles os primeiros cristãos, sem esquecer Rabelais, Montaigne, Erasmo, Montesquieu, Diderot, Kant, Herder, e até Camus e Nabokov que meditaram, cada um, antes de nós, sobre as maravilhas e os desconfortos da vida estrangeira. No âmago deste futuro cosmopolita: os Direitos do Homem sob a Revolução francesa, que começa por honrar os estrangeiros, antes de fazer cair o Terror sobre as suas cabeças. Em contraponto: o nacionalismo romântico e, por fim, totalitário. A “inquietante estranheza” de Freud conclui este percurso sugerindo uma nova ética: não “integrar” o estrangeiro, antes respeitar o seu desejo de viver diferente, que vem entrosar- se no nosso direito à singularidade, última consequência dos direitos e dos deveres humanos.
AUTORA
Julia Kristeva
Indíce
TOCATA E FUGA PARA O ESTRANGEIRO
Felicidade queimada
A perda e o desafio
Sofrimento, exaltação e máscara
Afastamento
Segurança
Fragmentação
Uma melancolia
Ironistas e crentes
Encontrar
Liberdade única
Um ódio
O silêncio dos poliglotas
“… os antigos desacertos com o corpo”
Imigrados e, por isso mesmo, trabalhadores
Escravos e senhores
Palavra nula ou barroca
Órfãos
Tendes amigos?
O “caso Meursault” ou “Todos nós somos Meursault”
Origens sombrias
Explosão: sexo ou doença?
Uma errância irónica
Ou a memória polimorfa de Sébastien Knight
Porquê a França?
OS GREGOS ENTRE BÁRBAROS, SUPLICANTES E METECOS
Como se pode ser estrangeiro?
Os primeiros estrangeiros: estrangeiras (de Io às Danaides)
Suplicantes e próxenos
O estatuto dos estrangeiros na época arcaica
Os Bárbaros e os Metecos na Época Clássica
O cosmopolitismo helenístico
A conciliação estoica: universalismo
… e perversão
O POVO ELEITO E A ELEIÇÃO DO ESTRANGEIRO
Estrangeiro ou prosélito Rute, a Moabita
SÃO PAULO E SANTO AGOSTINHO: TERAPIA DE EXÍLIO E PEREGRINAÇÃO
Paulo cosmopolita
A nova Aliança
Civitas peregrina
Caritas
Hospitalidade peregrina
O Baixo-Império: uma integração dos peregrinos
O estrangeiro fluido na Idade Média: que fortuna?
ESTRANGEIRO?
MAS COM QUE DIREITO?
Jus solis, jus sanguinis
Homem ou cidadão
Sem direitos políticos
Um direito com cedências
Pensar o trivial
ESTA RENASCENÇA, “DE UMA TEXTURA TÃO INFORME E DIVERSA”
Dante o exilado: do “sabor a sal” ao “espelho dourado”
O Estado maquiavélico
Do maravilhoso de Rabelais às maravilhas do mundo, passando por Erasmo
Thomas More: uma curiosa Utopia
O eu universal de Michel de Montaigne
“Um gozo permanente”
Acerca dos canibais e dos coches
Viagens, cosmografias, missões
Um Gaulês cosmopolita
DE LUZES E DE ESTRANGEIROS
Montesquieu: o inteiramente-político e o privado
O estrangeiro: alter-ego do filósofo
O homem estranho, o cínico e o cosmopolita
1 – O Sobrinho de Rameau, entre mim e Diógenes
2 – Fougeret de Monbron, um cosmopolita «de coração peludo»
3 – O Sobrinho em Hegel: a cultura como estranheza
Seria francesa, a cultura?
Direitos do homem e do cidadão
Os estrangeiros durante a revolução
1 – Fraternidade universal e nascimento do nacionalismo
2 – Anacharsis Cloots: o «Orador do género humano» contra a palavra
«estrangeiro»
3 – Thomas Paine: o «cidadão do mundo» quer salvar o rei
NÃO SERÁ A UNIVERSALIDADE…
O NOSSO PRÓPRIO ESTRANHAMENTO?
Kant pacifista universalista
A nação patriota entre o «senso comum» e o «Volksgeist»
O nacionalismo como intimidade: de Herder aos românticos
Freud: «heimlich/unheimlich» — a inquietante estranheza
O outro é o meu (próprio) inconsciente
Uma semiologia da inquietante estranheza
Súbditos, artistas e… um rei
O estranho dentro de nós
PRATICAMENTE…
ISBN: 9789898557858 | Novembro 2017 | Nº de páginas: 246 pp | PVP 19,90€
AUTORA
Julia Kristeva
TRADUÇÃO
MARIA DE JESUS CABRAL
JOÃO DOMINGUES
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